A
chuva cai lá fora, e o barulho dela faz um belo convite ao corpo cansado
que deve dormir, porém, o sono precioso foi levado junto ao vento,
junto às gotas que caem no relento da noite. Não era insônia, porém, nem
mesmo "contar carneirinhos" adiantaria nesse momento. Qual o motivo
disso? Você. É, você mesmo que não aparece, que não me inspira, que não
me faz te amar. Você mesmo que eu desconheço,
que eu não esqueço e que eu anseio em achar. Um poeta sem inspiração é
feito um palhaço que não faz sorrir, um abraço que não aconchegue, um
doce que não adoce a boca, e um perfume que não se pode sentir. Músicas
novas são ouvidas, livros e poemas são lidos. Mas nada disso adianta,
quando se existe a falta de uma inspiração específica, que enquanto não
chega, entristece o coração do poeta, que sem saber o que dizer, pega
suas frases antigas e relê.
Amanda K. Abreu
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