Ananita era uma menina incomum do século XXI. Nunca gostou
de sair de casa, sempre teve uma atração maior por livros, filmes, chocolate
quente em um dia frio, trancada no quarto, escrevendo textos sobre os dias.
Desastrada que só ela, vivia desarrumando as coisas, bagunçando cartas,
embaralhando a vida. Ananita era uma menina incomum do século XXI, costumava
fazer das nuvens lindas grafias, da chuva uma sonoridade agradável, e do pôr do
sol uma linda poesia. Construía caminhos com as estrelas, sorria para a lua
seja de noite ou de dia. Ela era incomum, e coisas comuns não costumavam a
acontecer com ela. Acordou cedo em um dia qualquer, se olhou no espelho e viu
que seus olhos, claros, estavam apagados, juntamente com a palidez de sua pele.
Ainda estava com sono, muito sono por sinal, mas o seu dia começara ali, e ela
não podia deixá-lo passar. Sai de casa, como quem não quer nada e vai estudar,
letras e mais letras se embaralhavam em sua visão, mas ela permanecia certa de
que seu dia, assim como os demais, não seria comum, e que algo lhe esperava em
algum lugar. Novamente eu digo que, Ananita era uma menina incomum do século
XXI. Por ser incomum, ela ainda sonhava com o tal príncipe encantado, não como
nos contos de fadas, mas como ela queria que ele fosse. Dizem por aí, que
devemos correr atrás de nossos sonhos, e como ela sonhava com o príncipe encantado,
foi-se encontrar com ele. Ele não possuía uma cavalo branco, nem uma espada
fina e cintilante, ele não a tiraria de nenhuma torre e nem mataria dragões por
ela. Mas ele estava ali, sorrindo com os olhos, que ela tanto gostava. Ananita
era uma menina incomum do século XXI, esfomeada como sempre, degustava da
companhia do tal príncipe, que por sinal, era bem agradável. Conversavam sobre
tudo, passado, presente, futuro. E com o passar do tempo, Ananita percebeu que
ele também era um menino incomum do século XXI, e ela gostava disso. Alguém que
a compreendesse, mesmo quando ela não se compreendia. Alguém que tinha inúmeros
defeitos, mas convenhamos, que só Deus é perfeito. Ananita era uma menina
incomum do século XXI, e juntamente com o tal príncipe incomum, ela sorria, ela
gritava, ela vivia. Vivia sendo o melhor que ela podia ser, vivia sendo ela,
sabendo que era exatamente isso que ela precisava ser.
Amanda K. Abreu